Nº97 - Paulo Sérgio Martinho Cabral

Quem não se recorda do Varzim-Benfica da primeira jornada da época 2001/02? Assim de repente talvez nem toda a gente se recorde de que jogo estou a falar, mas se disser que o resultado final foi 2-2, talvez muitos de vós se recordem que este foi o célebre jogo do "Deixem jogar o Mantorras". Além do avançado angolano, mais outros dois atletas ficaram marcados por esta partida, e ambos defesas. A malta se calhar é que já não se lembra tão bem, mas eu digo quem são: Alexandre, o capitão dos poveiros, aquela versão meio estrábica do Nuno Gomes, que era o marcador individual do nosso Mantorras e... o jogador que hoje me cabe apresentar, Cabral de seu nome. O que é que o nosso Cabral fez? No jogo de estreia, a titular, jogou todos os minutos da partida, e no nonagésimo, fez o golo na própria baliza que estabeleceu o resultado final.

Uma estreia azarada? Penso que sim. Não foi azelhice pura. O Pesaresi que vinha do calcio foi expulso aos 60 minutos. Na altura achei que o Cabal até não era mau. Mas também não sei se era bom. Não quero fazer este filme de forma anacrónica, mas tenho que dizer isto: para quem tem hoje o Luís Filipe...

Mas centremo-nos no nosso Cabral, que chega ao Benfica com 28 anos. É daqueles que um gajo pensa... se fosse mesmo, mesmo, mesmo bom não teria chegado antes? Jogou no Vianense, no Joane, no Tirsense, no Vizela, no Aves e chegou ao Belenenses, onde fez três épocas a titular. Na última delas começou a ter "boa imprensa" e foi chamado à selecção AA, fez um único jogo, em Novembro de 2000, substituindo Secretário nos últimos 10 minutos e... nunca mais foi chamado. No final dessa época, foi vendido ao nosso Benfica. Já como internacional AA, ora pois.

A culpa? Não quero parecer o Octávio Malvado mas meto-a toda no Oliveirinha! Quando os jornais começaram a falar bem do moço, o irmão do jaquim levou-o à selecção num amigável em Braga, com Israel, vitória por 2-1, num dia em que se estrearam também João Tomás, Delfim e Jorge Silva, guarda-redes do Salgueiros.

Chega ao Benfica na temporada 2001/02, após na época anterior o nosso Benfica ter conseguido a pior classificação de sempre do nosso clube num campeonato - o sexto lugar - e consequente ausência inédita das competições europeias. A Direcção (de Vilarinho) manteve Toni como técnico, que até deu a titularidade a Cabral no lado direito da defesa nas 10 primeiras jornadas. Faria pouco mais do que isso, e o último jogo até foi o último derby na velha Luz, o célebre 2-2 em que Jardel e Duarte Gomes brilharam. Depois disso Cabral nunca mais "calçou". Caneira foi adaptado à direita durante alguns jogos, e depois Armando Sá foi contratado ao Braga, fazendo o resto da época a titular. Se me perguntarem a mim, acho que o Cabral até era melhorzinho que o genro do Inácio, mas como tinha velocidade e tal...

Jesualdo ficou com o lugar de Toni após uma derrota no Bessa, mas não conseguiu melhor do que um quarto lugar e... ficámos novamente fora das competições europeias. Ao menos já não era inédito, mas o certo é que o nosso Cabral fica associado a esse período.

Na época seguinte, 2002/03, Cabral continuou no plantel, e Jesualdo ao leme. Cabral ainda faz o primeiro jogo do campeonato a titular, mas a defesa-esquerdo. Éder e Armando alternaram na direita, e mais tarde chegaria Camacho, que continuou a aposta de Chalana em Miguel para o lugar de lateral direito. Na esquerda uma aposta inicial em Cristiano deu lugar à adaptação de Ricardo Rocha. Cabral faria mais dois jogos para o campeonato (o último de encarnado a 1 de Junho no Jamor, novamente como lateral esquerdo, num vitória por 4-0 sobre o Guimarães) e pode também dizer que esteve em campo nos primeiros 45 minutos da derrota para a Taça com o Gondomar.

Segundo o almanaque do SLB, Cabral fez apenas 2 épocas na Luz, mas nalguns sites o seu currículo apresenta uma terceira temporada com o manto sagrado... presença no plantel em 2003/04, mas 0 jogos e 0 golos. Provavelmente tinha contrato mas não fez parte dos planos de Camacho. E nas revistas de início de época nem aparecia no plantel. Em 2004/05 voltou à actividade, e efectuou a sua última época de futebolista, ao serviço do Belém: uma dúzia de jogos, 3 amarelos e um vermelho.

Veredicto: MARRETA!